Saudade.
Uma palavra que não tem tradução em outras línguas, mas cuja definição exata
pode ser descoberta em frevo durante o carnaval de Pernambuco. Idealizado em
música de Edgard Moraes como símbolo nostálgico dos carnavais do passado, o
Bloco da Saudade se materializou para resgatar a folia de rua, então
concentrada em bailes de clubes sociais, no domingo de carnaval de 1974. Desde
então, já se passaram quatro décadas. Neste ano, a agremiação comemora 40 anos
de reverência à cultura do estado com o lançamento de um CD e prepara uma série
de atividades para que a data não passe em branco e sim misturada entre o azul
e o encarnado.
Quando
colocaram o bloco na rua pela primeira vez, o músico Antônio José Madureira, o
Zoca, e o jornalista Marcelo Temporal Varella não tinham as luxuosas fantasias
de hoje, muito menos os 150 integrantes. Era um modesto grupo de jovens cuja
soma não passava de 25 pessoas. Todos vestidos com shorts e uma camiseta do
então bloco. “Eles fizeram questão de ir até a casa de Edgard, agradecer a
música “Valores do Passado”, que acabou se tornando o nosso hino”, contou a
atual presidente, Izabel Cristina. Ela assumiu o comando no início da década de
1980, quatro anos depois de virar frequentadora assídua. “Em 1977, decidi não
viajar para a praia e não perdi nunca mais um carnaval. O estilo do bloco
encanta”, afirma.
Sob a
batuta de Izabel, o bloco começou a ensaiar em um terreno cedido pelo vizinho
no bairro do Cordeiro, Zona Oeste. Logo a popularidade chegou e eles
mudaram a realização da festa para a sede da AABB, nos Aflitos.
Há 10
anos, os acertos de marcha passaram a ser na sede do Clube Náutico Capibaribe.
Neste ano não será diferente, ainda mais com o lançamento do CD “Sonho de
Carnaval”, com 17 músicas e várias homenagens aos 40 anos do bloco.